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Morrer em Bagdá: Um Romance Iraquiano, Sinan Antoon (Tradução de Khalid B. M. Tailche)
"Morrer em Bagdá – Um romance iraquiano, de Sinan Antoon, poderia ter como título, igualmente, viver em Bagdá. Mais exatamente: viver em Bagdá sob o regime de Saddam Hussein. O livro, de autoria do mais importante jovem autor iraquiano exilado, com tradução direta do árabe por Khalid B. M. Tailche, contou ainda com a revisão técnica de Mamede Mustafa Jarouche e com a revisão literária de Ricardo Lísias. A espessura realista do relato e a força do transporte para certa realidade particular (que o romance realiza de maneira mais profunda que outras artes, como o cinema) são aqui garantidas pelo artifício de fazer o personagem central escrever o livro. Assim, não lemos o romance de Sinan Antoon, mas o manuscrito de um ex-prisioneiro (Furat) achado nos arquivos da polícia de Bagdá. O manuscrito nos leva, então, do dia-a-dia na prisão à adolescência e juventude do prisioneiro, misturando presente e passado, memória e alucinação, lado interno da prisão e lado externo ? isto é, a prisão maior que era o país sob a opressão política, abrindo uma janela para o modo como a opressão, na prática, impregna a e se impregna na vida das pessoas e do país. Nem tudo, porém, é política num bom romance político. Neste caso, o lado claustrofóbico é contrabalançado pelo relato dos dias de universidade, incluindo interesses literários, esportivos (futebol), romântico-sexuais e familiares. São mulheres, aliás, os dois principais personagens do livro depois do narrador/autor: sua namorada e sua avó materna. Esta representa a tradição familiar, de crença cristã caldéia (mais antiga que a própria presença árabe na região). E cujo conservadorismo adquire involuntários aspectos subversivos, pois a supremacia de Deus e da família se opõem àquela do Líder e do Estado. Também sua namorada é subversiva por inconsciência, ao acolher, não o passado, mas o presente imediato e imperativo do desejo. O título original do romance, Ijaam, refere-se aos pontos ou pingos que, na escrita árabe, distinguem as grafias de várias letras entre si (são os pontos, por exemplo, que diferenciam B de N, S de X, Z de R etc.). Pode-se escrever com ou sem os pontos nas letras. No segundo caso, depreende-se o significado da palavra pelo contexto. O manuscrito encontrado na prisão não tem os pontos. E a primeira decisão do burocrata que o encontra é mandar colocar os pontos, para eliminar ambigüidades (algo como “pôr os pingos nos ii”). Daí o título do livro. Tal título tem, porém, também claras conotações metafóricas: por um lado, é o regime quem assim determina o sentido final do texto; por outro lado, é o livro que o leitor tem em mãos que, afinal, serve para “pôr os pingos nos is” quanto à vida no Iraque de Saddam Hussein."
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